Carta aos estudantes da unesp e da fatec
Os estudantes da FFC Unesp – Campus de Marilia, deliberou em assembléia geral extraordinária pela mobilização sob forma de greve imediata e ocupação do prédio de aulas.
As Universidades publicas do estado, particularmente a Unesp, vêem-se diante de um quadro de ataques não só lesivos à qualidade de suas atividades de ensino pesquisa e extensão, mas a sua própria característica de universidade publica. Bem entendido, estamos a dizer do PDI (plano de desenvolvimento institucional) e da Unvesp (universidade virtual do estado de são Paulo).
O PDI é um plano, praticamente imposto pela reitoria da Unesp, que define ações e caracteristicas da Unesp pelos próximos dez anos. Dentre essas ações, devemos destacar a completa reestruturação acadêmico-administrativa da Unesp, a adoção do ensino a distancia como forma de expansão de vagas e a mais completa submissão da universidade a um punhado de grandes empresas, banqueiros e monopólios capitalistas. De fato, o PDI coloca que toda Unesp deverá se centrar em torno da vinculação prostitutiva da Unesp à empresas: a pesquisa entendida como forma de captação de recursos; a graduação tomada como meio de formação de mão-de-obra especializada e barata às grandes industrias; a própria estrutura acadêmica e os curricula adaptados às necessidades de interesses capitalistas notoriamente contrariosaos interesses da maior parte da população que financia a Unesp, enquanto universidade PUBLICA.
Quanto a UNIVESP, a assembléia dos estudantes da Unesp de Marilia, compreende-a como o mais grave ataque à qualidade da educação jamais visto na historia do estado de são Paulo. A Univesp (assim como o Pdi) é continuação direta dos Decretos do Serra, na medida em que foi a secretaria de ensino superior — herança maldita daqueles decretos — que propôs e executará este programa chamado UNIVESP. Tal programa se propõe a oferecer, por meio da estrutura já existente das Três Públicas Paulistas, cursos modalidade à distância de formação, especialização e atualização, seja na graduação seja na pós. Em último caso, o objetivo da UNIVESP é desobrigar o Estado em relação à Educação Pública, Gratuita e de Qualidade, já que o Ensino à Distância não requisita para sua implantação nem da contratação de professores, nem de funcionários, tampouco de construção de bibliotecas e de salas de aula, muito menos a adoção de políticas de permanência estudantil. Dentre os cursos já distanciados conta-se Pedagogia (cinco mil vagas!!!), Biologia, Ciências e Filosofia; mas não é tudo, pois já se cogita Física, Química, Biblioteconomia, Letras, Ciências Sociais, dentre outros. A UNIVESP dá ensejo para o aprofundamento da falta crônica de professores e funcionários no ensino superior; abre espaço para o completo esfacelamento da cultura e da educação em nossa sociedade, além de deixar claro os interesses do governo do Estado em substituir todos os cursos presenciais não diretamente produtivos (quer dizer, capazes de gerar lucros para empresas e bancos) por cursos à distância.
Os estudantes da UNESP-Marília têm claro que o PDI e a UNIVESP colocam a mesma política e o mesmo destino às Universidades Públicas e ao Ensino Publico do Estado de São Paulo. Assim, combater um significa necessariamente combater o outro.
Os funcionários, professores e estudantes que até agora se colocaram contra as políticas neo-liberais do governo do Estado, das Reitorias e das Diretorias receberam sindicâncias, perseguições, expulsões, demissões e, até mesmo, ameaças de morte. A forma como a burocracia acadêmica e os políticos se propõe a tratar as legítimas reivindicações e os posicionamentos dos estudantes, funcionários e professores é absolutamente inaceitável!! Neste sentido, a demissão ilegal, arbitrária e ditatorial de Claudionor Brandão, dirigente democraticamente eleito do Sindicato dos Trabalhadores da USP (SINTUSP) é expressão mais cabal da falta de disposição das reitorias e do governo para o diálogo e do excesso de disposição para punição e enquadramento daqueles que se lhes opõem.
Dado o sombrio contexto de privatização e destruição do patrimônio público, somado a constante e irrestrita perseguição política e disciplinar aos professores, funcionários e estudantes, esta Assembléia Geral dos Estudantes da FFC UNESP-Marília compreende que não nos resta outra saída para barrar os ataques ao movimento e a Educação Pública, senão a adoção de métodos radicalizados e efetivos de luta. Neste sentido o caminho que os estudantes da UNESP-Marília escolheram para construir sua mobilização foi a Greve com Ocupação.
A este quadro tenebroso se junta o fato da repressão aos estudantes, trabalhadores e professores das três públicas. São incontáveis as sindicâncias em andamento nas UNESP’s pelos motivos os mais banais possíveis, o que indica uma vontade vitoriana da burocracia da UNESP em disciplinar os estudantes. Os professores também não se encontram em melhor situação sendo emblemáticas as ameaças de mortes que professores da UNESP-Registro sofreram no início do ano por suas denúncias e lutas contra a corrupção na universidade.
Mas é contra os trabalhadores que a repressão veio mais forte desta vez. Claudionor Brandão, trabalhador da Prefeitura do campus Butantã da USP e dirigente do SINTUSP foi demitido por motivos políticos no final do ano passado, sendo sua militância altamente combativa com repercussões estaduais. A demissão de Brandão foi ilegal, dado que, um dirigente sindical conta com estabilidade n emprego, mas a reitora da USP diz eu não voltará atrás. A reação contra o arbítrio da Reitoria da USP não tardou e os funcionários da USP estão em greve há quase 20 dias, exigindo, entre outras coisas a imediata readmissão de Brandão, reajustes salariais e o fim da UNIVESP.
No entanto, isolados como estão, não há a menor perspectiva de vitória, ao contrário, caso a greve dos trabalhadores da USP não receba imediatas reações de solidariedade de fato (que dizer, solidariedade sob a forma de lutas), isto significará a derrota não só deles, mas a derrota de todos nós, que somos contra o PDI, a UNIVESP, a repressão, o sucateamento e a privatização do ensino superior público do estado. Significará, em suma, a vitória de uma das faces mais viscerais do neoliberalismo, expressa na destruição sistemática dos sistemas educacionais.
A UNESP, neste contexto, ocupa posto chave. Para este DCE, as possibilidades de ampliação do movimento estão dadas, ainda que necessitem de muita construção, propaganda e debates, especialmente entre os estudantes. Este ano os funcionários e professores desta universidade devem cumprir um papel chave na mobilização, tornando claro à massa estudantil a gravidade dos ataques e a necessidade de mobilização imediata e radical. Neste sentido, reiteramos a mais plena necessidade da união dos três setores das três públicas para a construção de uma greve estadual — a mais forte da história — capaz de fazer com que toda a burocracia acadêmica e o destrutivo governo de Serra retrocedam em suas políticas sucateadoras e privatistas da universidade.
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