sexta-feira, 31 de julho de 2009

Encaminhada nova conquista dos estudantes da FFC

No site da UNESP-Marília, os estudantes podem se manifestar: fruto da greve com ocupação de 43 dias!

Uma das reivindicações dos estudantes da FFC, que mantiveram luta aguerrida no primeiro semestre, foi um espaço no site oficial desta unidade da UNESP.

Diante da pressão, a Direção não viu outra alternativa que não ceder à justa reivindicação dos estudantes.

Agora, todos os Centros Acadêmicos, o Diretório Acadêmico e o Diretório Central dos Estudantes tem direito a um espaço no site da universidade, onde todos os textos político,estatutos e chamados podem ser postados livremente pelos estudantes. Além disso, há um espaço dedicado somente as mobilizações presentes e passadas, sob o nome de "movimento estudantil".

Para acessar estas páginas, basta entrar no site da UNESP-Marília, www.marilia.unesp.br, e clicar no tópico "Espaço do Estudante". Em decorrência da greve e da suspensão das aulas, somente dois sub-tópicos surgirão, "DCE" e "Movimento Estudantil". Falta que os C.A.'s se organizem para criar seus próprios tópicos e que o D.A. seja eleito e proceda do mesmo modo.

os links são:

Página do DCE: http://www.marilia.unesp.br/index.php?CodigoMenu=4305&CodigoOpcao=4305&Opcao=4303

Página do Movimento estudantil: http://www.marilia.unesp.br/index.php?CodigoMenu=4306&CodigoOpcao=4306&Opcao=4303

A luta rende conquistas aos estudantes.

Mas ela nunca pode parar.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Declaração de fim de greve dos estudantes da FFC-UNESP/Marília

A greve acabou,

A luta segue!



Após quarenta e dois dias de greve com ocupação, a Assembléia Geral dos Estudantes da FFC-UNESP\Marí lia, realizada dia 07 de julho, deliberou pelo fim do movimento no dia seguinte, 08 de julho.

A greve que se deu este ano na FFC foi exemplar: greve política, contra os planos dos governos e reitorias para a educação pública. Iniciamos nosso movimento antes de qualquer outro grupamento estudantil ou docente. Demos, deste modo, vazão à voz dos estudantes, sempre reprimida pela burocracia acadêmica, pelos professores e governos todos.

A UNESP não respondeu aos ataques com a força devida e esperada. Ainda que muito trabalhadores tenham decidido pela greve, poucos foram os estudantes e professores que optaram pelo mesmo caminho, salientando, assim, a diferença entre os campi. Marília foi um dos poucos lugares aonde os três setores entraram em greve, e um dos últimos lugares do estado a debandar desta forma de luta, dado o isolamento, tanto na UNESP quanto na USP e UNICAMP.

Mas a UNESP mostrou-se particularmente apática nestes dias. Funcionários de muitos campi aderiram à luta. Poucos estudantes e poucos professores, no entanto. Ou seja, muito embora, Marília estivesse bastante mobilizada, o resto da UNESP não a seguiu, à exceção dos professores e estudantes de Assis e dos estudantes de Geografia da UNESP-Rio Claro.

Diante disto, cabe aos estudantes da UNESP-Marília e ao DCE da UNESP lembrar, em poucas linhas, que os ataques são bastante graves. O PDI, Plano de Desenvolvimento Institucional, vincula diretamente a UNESP aos interesses do grande capital nacional e internacional, descaracterizando- a enquanto universidade pública. A UNIVESP nada mais é senão a semente da distanciação e descompromisso do estado para com a educação pública; compreendermos ser este o projeto do governo do Estado e das reitorias. Não isto bastando, o fato da repressão, advinda da falta de democracia: dirigentes sindicais demitidos e presos, estudantes sindicados e expulsos, professores ameaçados de morte.

Como não vimos a queda dos ataques, cabe-nos pensar em como nos organizaremos para o próximo semestre. É praticamente consenso que faltou força aos três setores neste ano. Do mesmo modo, é praticamente consenso que a luta deve seguir segundo semestre adentro. Os ataques são graves demais para que deixemos que sigam impunes.

Estamos a pensar no futuro das universidades públicas paulistas. O governo quer torná-las departamento de pesquisa de bancos. Nós queremos que ela se torne pública até o fim, ao pesquisar as demandas da maior parte da população, que financia a universidade.

Disto, conclamamos os campi à luta no segundo semestre. A UNESP-Marília bem pode mobilizar-se à vontade, sozinha; ainda que a luta seja a mais radical, isolados, nós pouco e pouco faremos; necessitamos do apoio dos outros campi para que nos fortaleçamos enquanto UNESP.

Necessitamos nos unificar. A reitoria é uma só. O governo não é esquizofrênico, mas bem lúcido e homogêneo.

Ou fazemos o mesmo, ou nosso destino desde já está dado, e a luta configura-se mera pirotecnia.

Queremos o contrário. Desejamos que nossas posições triunfem e que a burocracia tenha de submeter-se à maioria dos estudantes e dos trabalhadores. Nós somos aqueles que mantêm a universidade: queremos controlá-la e configurá-la!

Não há outro modo de nos impormos que não seja a radicalização: as greves e as ocupações. Qualquer coisa menor que isto soar-nos-á como insuficiente; qualquer coisa acima, como insustentável neste momento.

É isto que propomos aos campi; por ser isto que nos acabamos de fazer em Marília.

Eis o que esperamos para o segundo semestre. Eis o que precisamos.

Que a UNESP mostre sua força e derrube os ataques.

Que os estudantes se unam e imponham uma universidade popular e democrática.

Que a universidade seja, de fato pública, em pesquisar os problemas da população.


Marília, 07 de julho de 2009, QG (sala 48 ocupada)

Assembléia Geral dos Estudantes da FFC-UNESP\Marí lia

sexta-feira, 10 de julho de 2009

43 dias de greve com ocupação rendem conquistas aos estudantes da FFC

Conquistas da Greve

A UNESP, por ser dispersa em todo Estado, é mal estruturada, especialmente a que se localiza na cidade de Marília: há falta de professores e funcionários. Além disso, os anos de governo tucano somente serviram, para aumentar ainda mais a precarização dos serviços públicos, notadamente, a educação em todos os níveis. Defensores da privatização e do particular em detrimento do público, os tucanos nada mais fazem senão asfixiar o patrimônio coletivo através de suas políticas neoliberais privatistas.

Além da debilidade crônica, há outras questões: planos de institucionalização da submissão da UNESP aos grandes capitalistas e de sua transformação em uma empresa (PDI); aprofundamento ainda maior da precarização da educação pública por meio do Ensino à Distância(UNIVESP); concentração das decisões da universidade na mão de meia dúzia de doutos professores burocratas, corruptos e capitalistas; repressão aos estudantes, funcionários e professores que não aceitam os ditames do gestores da universidade.

Esse quadro levou os estudantes da UNESP-Marília a se mobilizarem pela mudança da situação.

A precariedade não se limita apenas a UNESP, mas as outras universidades, como USP e UNICAMP. Além dos elementos apresentados, a repressão e a falta de democracia nos órgãos que gerem a universidade impulsionaram a mobilização de estudantes, professores e trabalhadores em todo o estado.

A burocracia universitária — que atende pelo nome de Cruesp — se relaciona com a comunidade acadêmica de forma autoritária e intransigente. As reivindicações que surgiram neste movimento de mobilizações visam suprir as carências da universidade.

Os estudantes da UNESP-Marília conseguiram algumas poucas repostas, através da greve com ocupação. Uma dessas repostas veio na forma da conquista de uma demanda histórica: o R.U. noturno. Há muito era presença constante na luta dos estudantes a reivindicação de um restaurante que atendesse os que estudam e trabalham no período noturno. Essa conquista satisfaz uma parte da carência, já que não possuímos uma cantina.

Outra conquista do movimento grevista foi o Centro de Línguas. Com a previsão de atender 200 discentes da Faculdade, o Centro de Línguas preparará vários estudantes para a leitura e compreensão de textos em inglês, inicialmente. Essa conquista tem função primordial na formação dos estudantes, pois muitos não teriam acesso por outros meios ao aprendizado de línguas.

O Centro de Estudos da Educação da Saúde, CEES, tem desempenho importante no atendimento da população mariliense. Mas, apresenta condições precárias em sua estrutura física, o que prejudica o desenvolver das atividades no local. A devida solução apresentada pelos estudantes não foi atendida de imediato, que é a transferência do CEES para o campus (o CEES funciona no antigo campus da UNESP), mas conquistou-se sua reforma, para que o atendimento a sociedade não seja ainda mais prejudicado.

CEES, Centro de Línguas e R.U. são algumas conquistas que certamente trarão contribuições positivas às atividades da Universidade. Certo também é que as reivindicações atendidas são devidas ao forte e organizado movimento que se construiu entre os estudantes, com o auxilio de funcionários e professores.
Contudo, a pauta de reivindicações dos estudantes da FFC-UNESP/Marília, ainda deve ser levada adiante. Muitos pontos da pauta têm ligação com toda a comunidade da UNESP, como o PDI, UNIVESP, democratização das estruturas, entre outros. Para que esses e outros pontos sejam atendidos, precisa ser construído um movimento forte e ainda mais organizado com os campi que pretendem ir a luta.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Com a luta os estudantes da FFC conquistam Centro de Línguas

O blog da greve adverte: notícia extraída da mídia burocrata (quer dizer, contêm distorções)


Vitória dos estudantes da FFC sai do papel: concretiza-se o Centro de Línguas


http://www.marilia.unesp.br/index.php?CodigoMenu=1&CodigoOpcao=1305&Codigo=270


Centro de Línguas seleciona bolsistas

Projeto de Extensão em Inglês Instrumental abre inscrições para monitores
08-07-2009

A coordenadora do projeto de extensão "Inglês Instrumental: leitura para os alunos do campus de Marília", Profª. Drª. Mariangela Braga Norte, divulgou a chamada para o processo de seleção dos bolsistas monitores de Língua Inglesa, que terá inscrições entre os dias 20 de julho e 5 de agosto, no Departamento de Ciência da Informação (DCI) da Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) da Unesp de Marília.

Critérios

Para concorrer à bolsa do projeto de extensão, o aluno da FFC interessado deve se apresentar ao DCI entre os dias 20/7 e 5/8 com um currículo simples resumido, apontando onde aprendeu inglês ou um comprovante de curso. No dia 7/8, em local e horário a ser definido, será aplicada uma avaliação de proficiência em Língua Inglesa. O horário de atendimento do DCI é das 8h às 12h e das 14h às 18h, de segunda a sexta-feira.

Centro de Línguas

Visto como grande necessidade para os discentes dos cursos de graduação da Unesp de Marília e considerado uma conquista da pauta de reivindicações da Assembleia dos Estudantes da FFC, a criação do "Centro de Línguas" se torna possível por meio do projeto de extensão "Inglês Instrumental: leitura para os alunos do campus de Marília", e tem como objetivo capacitar o aluno a ler e compreender com maior rapidez textos em língua inglesa, possibilitando um melhor desempenho acadêmico e profissional, preparando os alunos para o ensino de técnicas e estratégias de leitura em outros idiomas.

O projeto prevê, inicialmente, atingir 200 discentes dos nove cursos de graduação da faculdade, utilizando dez alunos bolsistas da FFC, que estarão aprendendo didática e ensinando língua inglesa para seus colegas. A coordenadora Mariangela Braga Norte já sinalizou positivamente para que o projeto também ofereça, futuramente, outros idiomas e contemple também funcionários interessados.

Termina a greve com ocupação!

A Assembléia Geral dos Estudantes da FFC-UNESP\Marília deliberou ontem, dia 07 de julho, pelo fim do movimento de greve com ocupação, após 41 dias de duração e mobilização.

Dado o fato do isolamento e do atendimento parcial da pauta (RU noturno, Centro de Línguas, Reforma do CEES), a Asse,bléia compreendeu ser melhor realizar um recuo tático, para construir nova mobilização radicalizada no 2º semestre.

Haverá nova Assembléia Geral dia 30 de julho para continuar os debates acerca do movimento.

Além disso, a Congregação Aberta, que debaterá a pauta de reivindicaões dos estudantes, deve ter lugar dia 04 de agosto, na dependências da FFC.

É bastante importante que todos e todas estejam presentes para forçar os congregados a acatarem as reivindicções dos estudantes da FFC.

Esta batalha terminou. Os estudantes da FFC não perderam, mas também não ganharam. Os planos privatistas não foram derrotados, a universidade continua medieval, o ensino à distância ainda está vivo e a repressão está a nos corroer os ossos.

A luta nunca termina enquanto o inimigo não for derrotado.

Os inimigos dos estudantes estão ainda bastante vivos.

A nossa luta também não pode deixar de estar, ainda que, pelo momento, tome novas formas!

domingo, 5 de julho de 2009

Moção de Apoio

O Diretório Acadêmico “XVI de Agosto” - gestão “Henfil” 2009/2010, da Faculdade de Ciências e Letras de Assis, recém empossado e então, mobilizado desde o dia 25 de Maio, por meio de articulação política, elucidativa e sensibilizadora de suas bases, seus professores e funcionários, apóia com toda força e veemência a luta dos estudantes da Faculdade de Filosofia e Ciências da UNESP de Marília.

Diante dos constantes ataques à autonomia universitária praticadas pelo governo Estadual paulista, enquadramos a UNIVESP e parte do PDI como planos precarizadores da qualidade do ensino superior paulista. Manifestamo-nos contrariamente a alguns pontos desse Plano de Desenvolvimento Institucional, principalmente aos itens que, segundo nossas conclusões, prejudicam a qualidade de ensino na UNESP: a certificação intermediária, EaD e as pesquisas voltadas para o mercado.

Além do mais, há de se questionar o porquê o governador José Serra já anunciara a UNIVESP antes mesmo das discussões serem iniciadas em nossos órgãos colegiados superiores. Enxergamos que tal ato, apenas solidifica a nossa vontade de uma universidade REALMENTE autônoma em suas decisões e LIVRE dessas forças opressoras e mandatórias que enganam a opinião pública quando divulgam a intenção mentirosa da promoção democrática por meio de tal projeto.

Enquanto o PDI mantiver a Universidade Virtual do Estado de São Paulo, que por si só, já é a realização das diretrizes empobrecedoras do ensino superior público; e essas metas que não visam garantir a ótima qualidade do ensino superior público, nós estudantes da FCL-Assis, estaremos unidos em proteção à qualidade descente de ensino, ao digno acesso da maioria da sociedade ao ensino superior público e em respeito à autonomia universitária.



Desta forma, que nossas lutas sejam unificadas em defesa de uma Universidade provedora de uma sociedade mais justa.

Em face a essa delicada situação de férias, força Marília, força Movimento Estudantil!

Diretório Acadêmico “XVI de Agosto” da FCL-Unesp/Assis

sábado, 4 de julho de 2009

Assembléia Geral dos Estudantes, dia 07/07/2009

Chamamos tod@s @s Estudantes desta FFC-UNESP/Marília,
para uma Assembléia Geral, que ocorrerá no dia 7 de julho,
na mesma FFC-UNESP, as 19h.

No mesmo dia haverá, pela manhã (as 9h30min) reunião de negociação com a Diretora, Profª Mariângela S. Fujita.

pauta:

Greve com Ocupação

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Tijolo por tijolo: o porquê e os comos da greve com ocupação dos estudantes da UNESP-Marília

do sítio passapalavra.info: http://passapalavra.info/?p=7647

nota do Blog da Greve: Beny - estudante independente de Ciências Sociais - redigiu o seguinte relato sobre a greve com ocupação dos estudantes da UNESP-Marília. Beny, cumpre dizer, em sendo classista e bastante combativo, ocupou a universidade todos os dias, buscando construir a luta contra a burocracia universitária, serva fiel da burguesia, nacional e internacional.



Tijolo por tijolo: o porquê e os comos da greve com ocupação dos estudantes da UNESP-Marília

Como é estar em greve e ocupado? Como construímos nossa atual mobilização? A partir de minha vivência, eis o que relato abaixo. Por R. M. dito Beny

Curso o primeiro ano de Ciências Sociais da UNESP de Marília. Devo dizer que não é a primeira faculdade em que estou: já cursei dois anos de matemática em outra UNESP, na qual pude participar da Greve de 2007. Particularmente, devo muito àquela greve, especialmente ao período em que pude ocupar a Reitoria da USP.

A minha militância, que se iniciava naquele momento, foi grandemente influenciada pelos acontecimentos: atos, assembléias, discussões. Além do mais, a miséria generalizada que o capitalismo impõe à maioria da população levou-me a ver que a organização do ser humano continha algo de errado; vi que, assim como um pequeno grupo dirige a universidade e a força a ser do jeito que eles bem entendem, um grupo também minoritário coloca os pobres e trabalhadores nas condições de subordinação. Como minha situação não é distinta da descrita, comecei a perceber qual a importância da relação entre os estudantes e trabalhadores e também pude adquirir conhecimento a respeito da atuação das organizações que estão inseridas nos diversos grupos componentes da universidade.

Desde então, concebi que seria necessário intervir de forma articulada nos movimentos que estavam por vir. Mas, ao mesmo tempo, sabia que a atuação de muitas organizações não tinha correlação com a verdadeira vontade do movimento – acontecia que, diversas vezes, a decisão dos grupos fechados se sobrepunha à dos “independentes”; os grupos se distanciavam dos fins que o movimento se propunha a atingir, para defenderem apenas sua própria linha política; muitas vezes tal atitude dos grupelhos colocava todo o movimento num sono profundo.

Após o fim da greve de 2007 e o período de calmaria que assombrou o movimento em 2008, houve de minha parte alguma reflexão, proporcionada por leituras de textos revolucionários e discussões em grupo de estudos, a respeito das circunstâncias em que se encontrava a UNESP. Por parte da burocracia acadêmica também houve reflexão: discussões fechadas, nos próprios órgãos colegiados, sobre o que fazer na suposta empresa que eles possuem (a UNESP); como, por exemplo, colocar em ação os planos privatizantes, elaborados por José Serra para atender às demandas neoliberais.

O resultado das reflexões, que não se limitaram à teoria, foi minha decisão em transferir meu curso, como relatei acima. Contudo, a mudança ocorrida não trouxe somente um novo curso, mas um novo contexto político.

Nesse novo cenário, pude presenciar o início de um Grupo de Estudos e Práticas Subversivas, denominado “Moradas Comuna”, que desempenhou funções importantes no primeiro semestre deste ano. Alguns atos em defesa e melhoria da permanência estudantil foram efetuados. Organizamos e tivemos presença em manifestações na própria cidade de Marília, em São Paulo e na Faculdade. A atuação deste grupo chegou mesmo a contribuir na ocupação do Restaurante Universitário, no chamado “entraço”, ocorrido no dia 7 de abril, que foi uma resposta à precária situação de trabalho dos funcionários do RU, às insuficientes refeições servidas e à falta de bolsas de permanência estudantil.

Desde os primeiros dias de aula do ano de 2009, ouvi muitas vezes a mesma coisa: “nesta Universidade: não temos aula, pois não temos professores” ou “o PDI vai mudar totalmente a estrutura da Universidade”, ou ainda, alguns reproduzindo a fala de ex-diretor do campus: “se não houver contratação de professores e funcionários urgentemente, a UNESP irá parar”.

2Os contextos econômico e político da UNESP-Marília eram distintos do outro campus em que estive: em Marília faltavam bolsas; muitos estudantes não tinham realmente o que comer; não tínhamos (e não temos) professores e funcionários em número suficiente; enfim, não havia (e não há) estrutura adequada para que as atividades que a universidade deve desempenhar pudessem ser desenvolvidas de fato. Boa parte do que ocorre na universidade não passa de aparência: é que as bases nas quais se apóia a UNESP são enganosas, ainda que concretas.

Eis os ataques e seu contexto. O primeiro semestre foi construído politicamente, aqui na FFC, com Assembléias e discussões sobre o desmonte da educação pública (PDI, ensino à distância, crise econômica, etc.). Logo pude compreender que não se tratava mais de lutas apenas por medidas que minimizavam o sofrimento do dia-a-dia do trabalhador das universidades, das aulas ruins, das terríveis condições oferecidas de permanência estudantil; tratava-se (e ainda se trata) de uma luta dura que deveria ser travada efetivamente contra o projeto político que a burguesia tinha para com a UNESP e as outras universidades públicas paulistas.

Os “Decretos Serra” foram derrubados em 2007 através de uma intensa luta, com greves e ocupações no estado de São Paulo; mas, a simples demolição não significou a morte dos mesmos, dado tratar-se de um projeto político-econômico de educação. Os ataques retornaram, com nomes diferentes: PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional da UNESP), UNIVESP (Universidade Estadual do Estado de São Paulo); as novas caras das velhas tentativas do governo e dos capitalistas de transformar a Universidade, de colocar a UNESP entre as 100 melhores do mundo: entre as 100 melhores servas dos ditames do mercado.

Nossa concepção de universidade é diferente à das altas administrações. Estes tratam de ir naturalizando as falhas do governo para com a educação pública, tornando cotidiano o que deveria ser o aberrante. Os interesses dominantes usam esta tática perversa; assim, a violência, a exploração e a submissão dos iguais tornam-se o natural, o esperado, o único caminho, o único mundo possível. Pela via da deturpação, do tráfico ideológico, pela manipulação intelectual e material [bruta], a burocracia, ao mesmo tempo em que vende o rótulo da qualidade, conduz a universidade ao abismo da precariedade e da lógica mercantil.

Concebemos que, se são os trabalhadores aqueles que asseguram o funcionamento da Universidade, logo, é às suas reais necessidade que ela deve atender. Ainda que os trabalhadores a mantenham, não são eles, no entanto, que a gerem. A administração fica a cargo de um grupo fechado, que impõe suas vontades a todos através da força. Uma dessas vontades é que as pesquisas sejam direcionadas para benefício de empresas, como o aperfeiçoamento de meios de produção – que na verdade servem para que os capitalistas consigam aumentar a taxa de extração de mais-valia dos trabalhadores. Estes não precisam ser ainda mais explorados. A real carência é a libertação da escravidão.

Nesse contexto, os problemas se somavam diariamente. A cada dia chegava uma notícia diferente, como demissões ilegais, destituições ilegítimas de representantes estudantis, corte de verbas; uma imensidão de medidas que demonstravam como os planos já estavam sendo concretizados. A isso juntava-se a greve dos trabalhadores da USP, iniciada no dia 5 de Maio, contra problemas bastante semelhantes àqueles que eu provava na carne, ainda que estudante no rincão que é Marília.

Diante da situação, que se mantinha insustentável, tivemos um estopim para o início de nossa Greve, que foi a realização de uma Congregação “Aberta”, no dia 26 de maio. Nesta, todos os estudantes e funcionários tinham direito a voz, mas não tinham direito a voto, para sair um pouco da rotina! Nesta Congregação “Aberta” verifiquei o real interesse dos burocratas a respeito da Universidade. Quer dizer, qual a amplitude daquela abertura? Tratou-se, portanto, de um teatro nos moldes tradicionais, mudando-se apenas o número de espectadores!

No mesmo dia, após essa Congregação, houve uma Assembléia Geral dos Estudantes. Naquele momento, caberia decidirmos se queríamos mesmo o aprofundamento do sucateamento da Universidade ou daríamos o início à luta contra os planos privatistas, sucateadores e que, na verdade, submeteriam ainda mais a classe trabalhadora e os já precarizados serviços públicos aos interesses dos capitalistas.

Diversos estudantes se mobilizaram para a Assembléia, com o objetivo de barrar a luta. Esses setores tiveram de permanecer calados, pois a situação que estava dada tinha de ser modificada. Os reacionários se limitaram a não impedir a radicalização do movimento.

Optamos pela greve com ocupação do Prédio de Aulas, como única saída viável para contornarmos o esfacelamento imposto.

Comissões foram articuladas no mesmo dia, para que se iniciassem as atividades grevistas e de ocupação e para que as ações que estavam por vir fossem efetivadas. As atividades da greve com ocupação deveriam sempre discutir criticamente os problemas sociais e, dessa forma, mostrar à sociedade o que ocorre aqui dentro. Mas, a princípio, as comissões estavam pouco combinadas em suas funções.

Propus-me a compor a Comissão de Comunicação. Esta tem até hoje o papel de articular dentro e fora do campus as informações e as ações do movimento estadual. Na primeira noite, por exemplo, tivemos trabalhos intensos que perduraram, sem intervalo, do fim da Assembléia a meados do dia seguinte. Posso dizer que pouco se dormiu naqueles primeiros dias.

Deve-se deixar claro o papel importantíssimo que essas comissões cumpriram e cumprem. Cada grevista se entregou, desdobrando-se para que as atividades competentes a cada uma das comissões ocorressem, de acordo com o deliberado em assembléia ou reuniões do Comando de Greve.

Mesmo com a tentativa de articulação das comissões, diversos problemas ocorreram. A indisciplina de alguns estudantes prejudicou o desenrolar das atividades daqueles que se mantinham empenhados. Um exemplo foram algumas madrugadas em que o barulho não permitiu o descanso dos ocupantes. Parece até uma eventualidade corriqueira, mas no conjunto de tarefas a serem efetuadas a cada dia, para que o movimento não se prejudique, ou prejudique outros movimentos na ativa ou aqueles que possam surgir, se faz necessário um mínimo de organização.

Tive a chance de presenciar outro ato que, por ventura, não prejudicou o movimento em sua totalidade: numa madrugada de sábado para domingo, um grupo de pessoas alteradas artificialmente adentrou a universidade, com gritos e calhando algazarra e discórdia, resultando na quebra de um vidro de uma das portas principais que dão acesso ao prédio ocupado. Contudo, após rápida reunião do Comando de Greve, conseguimos contornar a situação sem mais prejuízos.

5Esses e outros tantos fatos colocaram, mesmo que minimamente, o papel da greve e da ocupação em situação delicada. O que foi escrito acima pode soar a alguns um tanto quanto moralista. Porém, moralista é o senso comum, é a ideologia dominante que conduz os trabalhadores com seu doce veneno da boa ordem.

A greve tem a função de pressionar politicamente os capitalistas pela via da alteração da cotidianidade, da ordem dada à comunidade acadêmica e a toda sociedade que a circunda.

A prática grevista e a concepção teórica dos fatos que ocorriam foram aguçadas através dos debates não marcados oficialmente, das discussões nas horas das refeições, da exibição de filmes, das reuniões, entre outros essenciais eventos desenvolvidos e possibilitados pela greve. Em suma, a greve com ocupação trouxe a satisfação do compartilhamento de sociabilizações, que resultam em grande crescimento da individualidade de cada ocupante. O caso da luta ser travada contra pontos mais essenciais dos projetos neoliberais põe em questão o cerne do problema, deixando menos ofuscado, pelo compreender da realidade, a contradição que é o capitalismo.

A greve com ocupação dos estudantes da FFC-UNESP/Marília ainda perdura. A meta a ser cumprida requer um esforço muito maior. Entendo que há limitações na atuação do movimento estudantil, mas é um espaço que deve ser utilizado para servir de elo entre o conhecimento enclausurado e os trabalhadores.

A necessidade de outros setores e locais aderirem à luta ainda existe. O levante que fazemos contra alguns aspectos do capitalismo, que apresentam momentos essenciais de sua contradição fundamental, continua vivo. Nossa luta não terminará até que os muros da universidade venham abaixo e todos os trabalhadores tenham-na como meio aberto construtor de suas vidas.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Ato na UNESP-Marília, Quinta, dia

Amanhã tem Ato na UNESP-Marília


A Assembléia Geral dos Estudantes da FFC-UNESP/Marília, realizada dia 30 de junho, deliberou pela realização de um ato, amanhã, quinta-feira, na Direção desta Faculdade.

O objetivo da dita manifestação é pressionar a Direção e a Reitoria pela reabertura imediata de negociações, paralisadas desde algumas semanas.

Dado que os professores se retiraram da greve, e justamente eles haviam se recusado a continuar a Congregação Aberta iniciada dia 26 de maio. Assim, queremos a reabertura desta Congregação que estava a discutir e votar a pauta dos estudantes, dando os encaminhamentos e pronunciamentos necessários.

É enquanto nós, estudantes, estamos em greve que devemos negociar. A greve mostra que não seremos subservientes aos mandos e desmandos da Direção, e que sabemos o que está a ocorrer na UNESP e temos posições claras sobre que universidade queremos.


QUINTA, 02/07, ATO NA DIREÇÃO ÀS 15 H

CONCENTRAÇÃO NO SAGUÃO

MANIFESTAR PARA FAZER VALER NOSSA VOZ!!!!

Para nós é pouco

Herman Cede ao Movimento

O reitor Herman recebeu, nesta quinta-feira, dia 18 de junho, na sede da Reitoria em São Paulo, uma comitiva dos estudantes da FFC-UNESP/Marília, composta por um representante de cada curso (9 estudantes), mais um representante da Moradia Estudantil e um delegado Diretório Central dos Estudantes da UNESP-FATEC.

Objetivo: negociar a pauta de reivindicações dos estudantes grevistas e ocupados de Marília.

Desde quando o reitor era Marcos Macari, a reitoria da UNESP vinha se negando a receber delegados do Diretório Central dos Estudantes. Quer dizer, a reitoria não reconhecia o DCE como instância legítima de representação da totalidade dos estudantes da UNESP e da FATEC. Assim, não recebia nossos delegados, não ouvia as reivindicações que estes colocavam.

A isto se somava o fato da reitoria ter se recusado a receber comitivas de estudantes da UNESP-Rio Preto, que sequer estavam radicalmente mobilizados, e da UNESP-Marília, estes sim, em greve e com ocupação. De fato, dizia Herman, que somente receberia os unespianos marilienses quando estes desocupassem. Isto em um primeiro momento.

Nós dissemos não! Preferimos medir força com o reitor. Queríamos mostrar que nós, estudantes temos mais fibra, pois estamos decididos a salvar a UNESP da privatização velada, da submissão vergonhosa e da venda descarada do patrimônio público da população.

Nós ainda estamos em greve. Ele cedeu.

Na reunião da qual já dissemos, Herman concedeu algumas coisas aos estudantes da UNESP-Marília: Restaurante universitário noturno; bolsas de extensão; Centro de línguas; sua disposição em vir até Marília debater com os demais setores mobilizados as pautas específicas destes.

Não nos satisfazemos com isto. Bem sabemos da importância destes pontos conquistados para a manutenção e aprimoramento da universidade. No entanto, se arrancamos um R.U. (que aprimora a permanência estudantil) da burocracia universitária, resta saber em qual universidade estudaremos, dado que o PDI e a UNIVESP tira-nos uma UNESP inteira. Aprender outro idioma no Centro de Línguas também é bastante aprazível; mas o que poderemos falar e o que podemos ler se a polícia estiver nos ferindo e as sindicâncias e punições pairarem, como ameaça constante, sobre nós?

Para nós é pouco: queremos mais; queremos uma UNESP pública de verdade, que esteja aberta a toda a população, que pesquise as demandas da maior parte da população. Queremos uma UNESP onde todos tenham acesso a um ensino presencial de qualidade.

É por isso que ainda estamos em greve e mantemos nossa ocupação. Esperamos que os demais estudantes das três Públicas Paulistas compreendam bem o que estamos a dizer e se preparem para a luta contra as diretorias, as reitorias e os governos.

Marília, 1 de julho de 2009

Comando de Greve dos Estudantes da FFC-UNESP/Marília