terça-feira, 16 de junho de 2009

Estudantes de Marília: resistência à burguesia e seus planos de universidade

ESTUDANTES DA UNESP-MARÍLIA:

TRÊS SEMANAS EM GREVE COM OCUPAÇÃO!!!!

No dia 26 de maio de 2009, os estudantes da UNESP-Marília entraram em greve e decidiram ocupar o prédio de atividades didáticas, até que suas reivindicações fossem cumpridas em sua totalidade. Quais as reivindicações?

A universidade pública está em frangalhos. Sobram aos estudantes, funcionários e professores motivos para que façam uma greve para cada ponto em que o Estado e a reitoria falham (deliberadamente) em relação às estruturas universitárias e à relação que a universidade mantêm com a sociedade.

Além das melhorias na estrutura física da universidade (que por si só já reclama dezenas de mobilizações radicalizadas), a greve que os estudantes de São Paulo desenvolvem este ano é eminentemente política. Bem entendido: estamos a lutar contra um projeto de universidade que, ainda que não claro em suas minúcias, está bastante explícito em seus contornos.

Três coisas inquietam o sono dos estudantes da UNESP-Marília: PDI, UNIVESP e Repressão.

O PDI, Plano de Desenvolvimento Institucional, é como que a oficialização de um movimento que já estava a se dar há muitos anos na UNESP, bem como em praticamente todas as universidades públicas. Trata-se de sua privatização. Não qualquer privatização; são poucos os governantes que pagariam o custo político de colocar uma universidade à venda. Mas o capitalismo tem muitos meios, além do que, a burguesia, seus políticos-servos e os professores capachos são bastante ardis, sabendo bem se movimentar com a devida astúcia. As coisas, de uma forma geral, têm início, meio e fim. Ocorre o mesmo em relação à universidade. Isto dito, compreendamos: não se trata de privatizar “os inícios” da universidade (vestibular, concursos, ) mas os meios (financiamento, gestão, grade curricular) e fins (ao que se destina o que a universidade produz, isto é, conhecimento). O PDI propõe e implementa que as ações da UNESP – uma escola, antes de tudo – sejam pensadas e geridas tais quais ações de empresas; doutro lado, atrela fundamentalmente a UNESP a grandes empresas, descaracterizando-a enquanto universidade pública, se levarmos a fundo o que isto significa.

Há outros pontos críticos no PDI, que se ligam diretamente à política privatista, neoliberal e contrária aos pobres de SERRA. Universidade Virtual do Estado de São Paulo, UNIVESP; eis o nome do demônio que nos cumpre exorcizar. Estamos a dizer daquele programa da Secretária do Ensino Superior que oferece vagas de Educação à Distância (EaD) nas Três Públicas Paulistas. Por baixo do discurso de democratização está um ataque ferrenho dos neoliberais a um dos nichos mais fortes de resistência à suas políticas, ou seja, as universidades públicas. O EaD desresponsabiliza diretamente o Estado de uma de suas funções primordiais, segundo a histórica constituição de 88: garantir, a todos e todas, educação pública, gratuita e de qualidade. Que seja dito que a UNIVESP expandirá maciçamente as vagas no ensino superior sem aumentar repasse de verbas à universidade; é como se a universidade quisesse vestir a mesma calça após engordar seis mil e seiscentas vagas.

Não cabe!

Se levarmos em conta outro quesito chamado “qualidade”, bastante importante cremos nós da UNESP-Marília, a UNIVESP é tanto mais deplorável quanto o número de vagas que busca oferecer do dia para noite. Se perguntarmos ao reitor e ao governador

O canalha Serra adota este tipo de política não à toa. Lembremo-nos: em 2010 a Presidência de nossa república estará em jogo. Lulla e Serra, malgrado os ataques entre um e outro, estão a propor o mesmo projeto político-econômico; dito isto, o governador paulista quer diferenciar-se do petista de quatro dedos, mostrando-se mais capaz de gerir os negócios comuns da burguesia brasileira.

Quando Serra manda a reitora da USP demitir o diretor do SINTUSP, Claudionor Brandão, e a Tropa de Choque protagonizar aquilo que, esperamos, seja conhecido como Batalha da USP (dada a dignidade que os estudantes e funcionários presentes deram diante da truculência da PM); quando estas ações são tomadas, o que está Serra a fazer? Respondemos: mostrar-se capaz de dar conta dos movimentos sociais, dos trabalhadores, enfim, de qualquer um que oponha-se às medidas neoliberais.

Somente uma saída mostra-se viável aos três setores das Públicas Paulistas: a luta radical! A luta levada aos seus últimos termos!

Trata-se de uma questão que escapa a qualquer estudantes individualmente.

Trata-se do que será, ou deixará de ser a educação pública em nosso estado.

O que será a educação pública, a universidade, o movimento estudantil, o movimento dos trabalhadores?

Ele nada mais será senão aquilo que dele fizermos, ou, pior, o que deixarmos que dela seja feita. A educação tornar-se-á o que lutarmos para que ela seja.

Eis nossa perspectiva. Eis os motivos que nos levam a continuar em greve e ocupados nestas três semanas, ainda que praticamente isolados na UNESP.

Pedimos que cada estudante reflita bem sobre o que estamos a dizer. Nosso movimento, salientemos, não é brincadeira. Temos claro quais os ataques do governo e sua profundidade.

Temos ainda mais claro que, dada a gravidade da situação, somente a greve estadual, unificada pode nos salvar.

Unespianos: respondam a nosso chamado.

É o que dizemos. É o que requisitamos.

É o que defendemos.

Exposto está tudo o que tínhamos a dizer.

Que nossas bandeiras triunfem, pois elas são as bandeiras da maior parte da população e dos estudantes.

São as bandeiras do futuro que buscamos construir

Marília, 17 de junho de 2007, QG (sala 48 ocupada)

Comando de Greve dos Estudantes da FFC-UNESP/Marília

3 comentários:

  1. Todo apoio à ocupação da UNESP de Marília!

    Flávia, estudante da UNICAMP - também em greve.

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  2. nossa, vcs já estão em greve e ocupação desde o dia 17 de junho de 2007?!!!

    MORTE AO APARATO REPRESSOR!!!

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  3. belo texto camaradas. deve ser este mesmo o teor de nossas ideias, não nos entreguemos ao autoritarismo disfarçado, porém não invisivel de nossos governantes. que nossa luta triunfe, e nossas conquistas se prolonguem para além de uma educação de qualidade e reflita também sobre uma transformação social profunda!

    saudações estudantis!

    tiago, terceiro ano filosofia - FFC, unesp

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